sábado, 10 de dezembro de 2011

Clareira

Abre-se um clarão por um lado,

E pelo outro, sempre a noite à espreita de sentimentos ruidosos.

Mal nenhum trará consigo o próximo amanhecer, quem já ressequiu na penumbra sabe que o delírio é anti-horário.

Os olhos vesgos,

sempre os olhos vesgos a dizer certas coisas.

O trem dá a partida. Apita.

Não adianta mais rezar. Perdoei-me o bastante e aprendi que não posso mais perder a hora de minha caravana.

Inexplicável e incrível, angustiante e temerário. Existe uma retro dinâmica exemplar pairando por dentro das fendas de nossas audições. O que dizer para si mesmo quando nossas aspirações se descortinam? Nossa filosofia cabe muito bem na decola de uma roda gigante.

Acabo de ver a lua cheia,

E assim como toda minha civilização, me sinto mais um sobrevivente do tempo.

A áurea dos flagelados, a mente dos inquietos, as profundezas abissais destas efemérides sentimentais. O olhar de pavor das crianças assustadas por algo pequeno já demonstra o prelúdio de outros dias como estes.

Os dias não são estranhos, muito pior, são todos iguais; a diferença é que nós o pintamos com o coração.

O novo filhote de caprino, a fumaça que se esvai com o vento, a fome que é saciada e o furor do silêncio, tudo isto corresponde à beleza distorcida.

Eu sinto dor metálica, eu sou um homem de aço que tem como único sentido o coração que, por favor! Não é uma víscera. É o meu tato.

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Dharma do desassossego

Amanhã de manhã vou calçar um par de sapatos.
o céu como sempre estará acima de mim,
vou caminhar até o ponto de ônibus sem olhar para trás,
oxalá esteja ventando,
para que o microscópio orgânico faça minha alma dormir.

Todos os habitantes dos trópicos sofrem de alguma enfermidade,
só que existem alguns que sofrem de certa compulsão degenerativa.

Eu tenho o monte fuji atrás da porta de meu quarto
e uma xerófita que bebe gotas de sol.