sábado, 20 de novembro de 2010

Proeminência da melancolia implacável

* Proeminência da melancolia implacável


Esta é a cidade
De todos vocês.
Uma ilha metálica pós-moderna.
Um fóssil vivo,
Encontrado em um cemitério.

Esta é a tua cidade.
Nebulosa lacrimogênea
encravada em uma noite profusa de convenções,
Onde caminho vagaroso e temerosamente
mastigando meu coração
e escondendo no cérebro o meu inseto específico.

Cidade perversa,
Que não me pertence.
Derrete as mentes de tua prole
Com esta orquestra radioativa nascida da lama
Fazendo-a morrer de canções alegrinhas.

Cidade sem primavera,
Não tenho o poder de NERO, mas tenho vontade de CATÃO:

Delenda est Carthago!
Delenda est Carthago!


Horda de palhaços infâmes,
África mal entendida,
Outono sem vinho e sem Lorca,
Estação espacial sem universo,
Reflexão sem infinito e sem cores,

Cidade do meu ancestral.


* A cidade referida nestes versos é justamente Salvador-BA, a cidade onde nasci e vivo até hoje.

Empório Magnético

Além-horizonte meu barco navega,
onde as luzes dos raios solares faíscam.
Lá,
A pintura surrealista da vida se desmancha,
o motor dos ventos me escapa,
já não sei qual é o espelho,
o céu ou o inferno.

Incrustado nos profundos sonhos serenos
as nossas existências não estão repletas de acessórios concedentes,
tempos, tempos e tempos.
As reminiscências sempre latejando que mais uma vez só teremos uma chance.
A névoa de nossas ceretezas se debruça sobre o temor dos dias,
enquanto que os signos da modernidade desfilam pelos alheios e neurológicos sistemas.

Muito além do horizonte
vai o meu barco navegando,
onde as luzes dos raios solares já são faíscas.

Eu deveria saber
que há maldade mesmo pelos plenos ares naturais,
que não privaram nem mesmo os grous de SADAKO.
Eu era um velho de barbas brancas que usava calças
e capinava as ervas daninha das ervas,
Eu era um flutuador de atmosferas galácticas,
Eu era um homem que olhava para as nuvens
até ser esquartejado pelas raízes da civilização
e ter os átomos cimentados por uma mão sem dedos.